Em um mundo cada vez mais conectado, é muito comum o compartilhamento de fotos e vídeos das crianças nas redes sociais. São pais orgulhosos dos seus filhos, querendo mostrar aos amigos e a família, cada passo do desenvolvimento dos seus pequenos. Essa prática, conhecida como Sharenting, está cada vez mais comum, mas até que ponto pode ser saudável?

Sharenting é um termo relativamente novo, criado em 2012, para uma prática muito comum. É a combinação das palavras em inglês “share”, que significa compartilhar e “parenting”, que significa parentalidade.

Veja um exemplo: o seu filho nasceu, quanta felicidade! Conforme vai completando o “mesversário”, pelo menos um bolinho acontece. Todos tiram fotos com muita alegria, sorriso no rosto e, instantaneamente, as fotos são carregadas em postagens nas redes sociais. No dia do aniversário planejam aquela grande festa e mais um carrossel de fotos são postados na internet. Essa não é a tendência atual?

Dos álbuns impressos ao upload das fotos

Antigamente, as fotos tiradas dos filhos eram reveladas e colocadas em um álbum físico. Os pais tinham uma enorme satisfação em pegá-lo para mostrar aos familiares, amigos e visitas da família. As fotos eram exibidas para um seleto grupo de pessoas e guardadas com carinho. Hoje, após tirar as fotos com câmeras potentes de celulares, geralmente já acontece o upload para as redes sociais. E quais as diferenças? Além da praticidade positiva que isso gerou, essas fotos tendem a alcançar um número maior de pessoas: conhecidas e não conhecidas. Afinal, acontece o compartilhamento das postagens e qualquer pessoa pode salvar as fotos.

Mas qual é o problema da ampla divulgação das fotos dos pequenos?

Infelizmente, assim como a praticidade acontece, malefícios decorrentes dela também. Pessoas com má índole podem acompanhar a rotina de uma família e tentar identificar sinais e pistas que a ajudarão na realização de práticas ruins. Por exemplo:

1. Uma foto da criança com o uniforme da escola pode informar onde ela estuda e facilitar ações negativas que comprometam sua segurança.

2. Uma sequência de fotos da criança com diversas idades pode dar pistas acerca de sua identificação mais exata.

3. Fotos com familiares acabam informando quem é cada um e facilita contatos indevidos, inclusive de golpes.

E quando o seu filho crescer?

Essa é outra questão que precisa de atenção: será que quando o seu filho crescer, ele se sentirá confortável ou constrangido com a exposição pública da sua infância? Pense nisso. Qual deve ser o limite para o meu filho futuramente não se sentir mal com as minhas postagens?

Perfis de sucesso que geram renda!

Outra situação que pode acontecer é de os pais criarem um perfil para o seu filho nas redes sociais e acabarem fazendo sucesso. Nesse caso, embora a vantagem dos ganhos serem atraentes, pode ocasionar uma distorção da identidade da criança, segundo psicólogos. Por quê? A criança vai crescendo e vendo as postagens de seus pais como sendo anseios deles acerca de como ela deve ser e se portar. Consequentemente, a fim de reforçar a imagem criada, pode assumir atitudes que não são intrínsecas, com o objetivo de satisfazer os pais e os seguidores do perfil.

Então, é proibido postar fotos do meu filho nas redes sociais?

As questões citadas servem para refletir acerca do compartilhamento de fotos dos pequenos na internet. Isso não quer dizer que você precisa deixar de postar qualquer tipo de foto do seu filho. Fica um alerta para refletir e observar sobre algumas questões.

1. Como estão as configurações do meu perfil: o acesso às fotos está restrito?

2. Observe o temperamento do seu filho e tente imaginar: que tipos de fotos e comentários ele poderia reprovar futuramente? 

3. Quais momentos realmente são mais tranquilos para postar? Existe alguma situação que é mais íntima da família?

4. Analise se realmente é necessário criar um perfil para o seu filho para, posteriormente, ele assumir. Não é melhor publicar as fotos selecionadas no perfil dos pais e deixar que a criação do seu perfil seja feita por ele mesmo?

São pontos para reflexão e análise dos pais das crianças. O objetivo é entender sobre a prática do Sharenting, buscar o propósito de se expressar na internet, de demonstrar o carinho pela criança, sempre observando a sua privacidade, a sua segurança, a sua identidade.